Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Estudo Confirma Tendência de Aumento na Mortalidade, Enfarte e Acidente Vascular Cerebral em Pacientes com Angina Instável, Submetidos a Procedimentos Invasivos

 

Estudo liderado por Piegas L S do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e publicado no American Journal of Cardiology (1), dentro do programa de testes OASIS que envolveu aproximadamente 8000 pacientes com isquemia miocárdica aguda sem elevação do ST no eletrocardiograma tratados em 95 hospitais através de 6 paises (EUA, Brasil, Canadá, Austrália, Hungria e Polônia) e cujo objetivo foi o de avaliar as diferenças regionais no tratamento clínico e a freqüência e escolha do momento oportuno para os procedimentos invasivos (Angiografia, Angioplastia, e cirurgia de ponte de safena) como também os resultados destas tendências, mostrou que os pacientes nos EUA e no Brasil onde instalações de laboratórios de cateterismo são mais acessíveis do que nos demais paises, se submeteram a mais angiografias, angioplastias e pontes de safena, porém nenhuma melhoria nas taxas de mortalidade cardiovascular e enfarte do miocárdio, havendo significativo aumento em acidente vascular cerebral e mais eventos de hemorragia.

 

A conclusão dos autores, em acordo com achados de outros testes aleatórios, foi que os dados sugerem existir uma tendência na direção de um aumento nos índices de mortalidade, enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. Disseram ainda que, tais dados recomendam uma conduta cautelosa para o emprego de procedimentos invasivos em pacientes com angina instável, a menos que testes futuros demonstrem um claro beneficio com tratamento agressivo.

 

Em outro estudo (2), 2457 pacientes de 58 centros escandinavos que tiveram doença coronária sintomática instável, foram divididos em 2 grupos. O grupo 1 consistiu de 1222 pacientes que se submeteram a uma estratégia invasiva sendo comparados a 1235 pacientes (grupo 2) que foram tratados medicamente. A taxa de mortalidade no final de 1 ano foi de 2,2% no grupo invasivo comparada a 3,9% no grupo tratado medicamente. A diferença de 1,7% entre os 2 grupos calcula 60 pacientes que deveriam se submeter uma forma invasiva de tratamento para beneficiar um paciente. Similarmente, a taxa de enfarte foi de 9% no grupo invasivo versus 12% no grupo tratado medicamente. Isto calcula 35 pacientes que deveriam ter sido tratados invasivamente para beneficiar um paciente. Este é o único estudo que mostrou benefícios no tratamento agressivo intervencionista e a diferença é muito pequena para ser considerada clinicamente significativa. Certamente seria duro justificar a operação em 60 pacientes para beneficiar apenas um paciente.  

  

Bibliografia:

1. The Organization to Assess Strategies for Ischemic Syndromes (OASIS) registry in patients with unstable angina. Piegas LS, Flather M, Pogue J, Hunt D, Varigos J, Avezum A, Anderson J, Keltai M, Budaj A, Fox K, Ceremuzynski L, Yusuf S. Am J Cardiol 1999 Sep 2;84(5A):7M-12M

2. Outcome at 1 year after an invasive compared with a non-invasive strategy in unstable coronary-artery-disease: the FRISC II invasive randomized trial. Lars Vallentin et al; Lancet 2000; 356: 9-16

 

Seção Polêmicas