Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Cirurgia Não-Cardíaca Logo Após Angioplastia Coronária ou Implantação de Stent Traz Grande Risco

 

Kalusa e seus colegas no Hospital Metodista em Houston – Texas, fizeram uma avaliação em 40 pacientes que se submeteram a implantação de Stent coronário, durante o período de 6 semanas anteriores à cirurgia não-cardíaca (eletiva ou semi-eletiva), onde a anestesia geral foi requerida.

Todos os 8 óbitos e 7 enfartes do miocárdio, assim como 8 de 11 episódios hemorrágicos ocorreram nos pacientes submetidos à cirurgia com menos de 2 semanas após à implantação do Stent. Em 6 pacientes o óbito estava relacionado com o enfarte. Em 2 outros pacientes o óbito estava relacionado com complicações hemorrágicas. Quatro destes pacientes tiveram enfarte e complicações hemorrágicas associados.

Durante o período de 6 semanas 18% dos pacientes tiveram enfarte, 28% tiveram episódios hemorrágicos e 20% morreram (a mortalidade entre 25% dos pacientes operados dentro do período das duas semanas iniciais foi de 32%), resultados que revelaram para os autores uma extraordinária alta de catastróficas complicações peri-operatórias nos pacientes operados logo após à implantação de Stent coronário. (1)

 

Gail A Van Norman e Karen Posner do Depto. de Anestesiologia da Universidade de Washington em Seattle, comentando em carta dirigida ao editor do Journal American College of Cardiology (2) sobre os resultados obtidos pelo grupo de Houston, dizem que seus  achados suportam a evidência prévia de que manipulação coronária, antes da cirurgia não-cardíaca, não traz benefícios e pode na verdade prejudicar os pacientes com doença coronária.

 

Informaram ainda que fizeram um estudo retrospectivo (3), envolvendo 686 pacientes com doença coronária submetidos à angioplastia coronária percutânea transluminal (PTCA) antes da cirurgia não-cardíaca, comparando-os com 686 pacientes que não tiveram corrigida a sua doença coronária, e com 2155 pacientes normais. Aqueles que se submeteram ao PTCA antes da cirurgia tiveram o dobro da taxa de eventos cardíacos comparativamente aos pacientes normais, uma taxa de resultados cardíacos de 7 vezes a freqüência de angina, quase 4 vezes a freqüência de enfarte do miocárdio e 2 vezes a freqüência de insuficiência cardíaca. Vinte e seis por cento dos pacientes que se submeteram ao PTCA no prazo de 90 dias anteriores à cirurgia não-cardíaca tiveram eventos cardíacos adversos, sofrendo o dobro da taxa de enfarte peri-operatório comparativamente aos pacientes com doença coronária não corrigida.

 

Van Norman e Posner concluem que o PTCA ou Stent profilático à cirurgia não-cardíaca aumentam os riscos de resultados cardíacos adversos, devendo serem avaliados com extrema precaução se a cirurgia ocorrer no prazo de 90 dias e, se possível, não serem  realizados no período.

 

Bibliografia

1. Kalusa GL, Joseph J, Lee J et al, Catastrophic outcomes of noncardiac surgery soon after coronary stenting. J Am Coll Cardiol 2000; 35: 1288-94

2. Posner K, Van Norman G, Coronary stenting or percutaneous transluminal coronary angioplasty prior to noncardiac surgery increases adverse cardiac events. The evidence is mounting; J. Am Coll Cardiol 2000; 36: 2351

3. Posner K, Van Norman G, Adverse cardiac outcomes after non-cardiac surgery in patients with prior percutaneous transluminal coronary angioplasty; Anesth Analg 1999; 89: 553-60   

 

Seção Polêmicas