Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Contraditória Conduta Terapêutica da Ortodoxia Frente aos Achados Ventriculográficos na Coronário-Miocardiopatia

 

Nos estudos cinecoronariográficos e ventriculográficos a aterosclerose coronária em sua relação com o segmento ventricular coronária/dependente tem mostrado, gradativa e progressivamente, deformação da silhueta ventricular por alterações assinérgicas, características de disfunção miocárdica segmentar, indicando estado de deficiência da contratilidade na fase de estabilidade sintomática – angina pectoris estável – seguido mais tarde por sintomáticas manifestações – angina pectoris instável – na fase de instabilidade, caracterizadas por crises episódicas espontaneamente reversíveis, decorrentes de insuficiência miocárdica regional + isquemia miocárdica recíproca, culminando quando de sua irreversibilidade com a instalação do enfarte agudo do miocárdio.

 

Tais alterações ventriculográficas são também bem apreciadas através da Ecocardiografia ao curso das terapêuticas preconizadas e dirigidas antagonicamente pela prática ortodoxa com o emprego do bloqueador betaadrenergico ou através da prática heterodoxa com o emprego do cardiotônico preconizado pela teoria miogênica.

 

Casos bem caracterizados de portadores de 1, 2 ou das 3 artérias coronárias ateroscleróticas epicardicas, calibrosas, servem para indicar os seus efeitos sobre a silhueta ventricular e principalmente destacar ao longo do tempo as conseqüências do confronto intersegmentar, determinando o quadro ventriculográfico da desarmonia patológica na eventual lesão arterial de 1 coronária com assinergia do segmento miocardico dependente, bem como o quadro de harmonia patológica resultante do comprometimento simultâneo de 2 ou 3 artérias coronárias e dos segmentos dependentes, marcados como sede de disfunção miocárdica ou reduzida contratilidade.

 

Na prática, tais condições significam inequivocamente a deficiência miocárdica de 1, 2 ou das 3 regiões ventriculares comprometidas e que constituem a coronário-miocardiopatia.

 

Do nosso ponto de vista, segundo os preceitos da teoria miogênica, o cardiotonico deve atender o miocárdio carente e nivelar a contratilidade de todos segmentos miocárdicos, normais e comprometidos, propiciando assim a prevenção do enfarte miocardico, insuficiência cardíaca e morte súbita; enquanto que, segundo os preceitos da teoria trombogênica, o emprego do bloqueador beta-adrenergico por seu efeito inotrópico negativo vai desenvolver generalizada hipotonia ventricular e precária anulação do confronto intersegmentar mas que, ao longo do tempo, não tem se mostrado capaz de evitar o enfarte miocárdico, insuficiência ou morte súbita.

 

Assim, admitimos que o papel do bloqueador beta-adrenergico na coronário-miocardiopatia crônica reflete uma conduta terapêutica contraditória da ortodoxia frente aos processos assinérgicos ventriculares; uma vez que, em tais condições, nos últimos 28 anos o cardiotônico, por seus efeitos específicos, tem se mostrado soberano.

 

Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista

 

 

Seção Polêmicas