Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Convivendo com a Doença Coronária

 

Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista

 

O coronário deve ser um otimista como qualquer outro mortal e quando devidamente tratado e orientado, viverá muito mais que os aparentemente normais de sua faixa etária.

 

O coronário deve saber tudo sobre a sua doença para aprender a conviver em harmonia e inteligentemente administrá-la porque, na lei natural das coisas, a doença coronária representa um processo com relativo déficit circulatório, compatível com vida longa e praticada com atividade física normal, moderada.

 

O coronário em geral é um desinformado e com freqüência um mal informado sobre a sua doença e seu destino, apresenta-se aos olhos do cardiologista como tendo mais doença na “cabeça” do que no coração. Isto tudo decorre do preconceito e do temor ainda existente no meio leigo, acerca da expressão “angina do peito” que antigamente matava muito. A angina do peito de outrora, assim admitida e de triste fama, corresponde ao enfarte miocárdico identificado pelo médico de hoje.  

 

- A dor de angina do peito é um sintoma de isquemia miocárdica que serve como guia e proteção e não mata ninguém -

 

O coronário vive muito mais agora do que antes e não deve ficar tolhido em sua atividade comum nem tampouco sob estreita e temerosa supervisão do cardiologista, porque tal conduta acaba com sua segurança e autoconfiança e é a via mais rápida desencadeadora de neurose cardíaca.  Aliás, é bom que se tenha em mente que o índice de neurose cardíaca, registrado principalmente entre os coronários, deve estar na razão inversa do grau de competência do cardiologista, como guia terapêutico e moderador do psiquismo dos seus pacientes.

 

O coronário precisa de remédio diariamente e para toda a vida e de médico, vez ou outra, para elucidação de suas dúvidas e orientação segura; mantendo-se à distância e dando ao paciente a sensação de que deve realmente confiar em seu coração, levando vida normal, dentro da segurança e equilíbrio psico-emocional, em favor do seu próprio bem estar.

 

Na prática, o coronário deve conhecer e respeitar os limites de sua tolerância frente à atividade, sem sintomas, e assim conduzir a sua convivência com moral elevado, conservando-se mais como espectador do que se desenrola em torno de sua participação na vida diária do que como paciente à espera de que algo aconteça ou possa acontecer, o importante é não se deixar envolver por temores ou fobias.

 

Deve ter em mente que as suas coronárias ajudadas pela terapêutica permanente, procurarão por si mesmas adaptar-se e superar os obstáculos da patologia em jogo.         

 

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